O livro que temos em
mãos, originalmente um trabalho acadêmico através do qual Marco Aurélio Gomes
de Oliveira obteve, em 2014, seu título de mestre em história na Universidade
Federal Fluminense, conta uma história pouco conhecida e nos apresenta
personagens até então ausentes da "história da imprensa". Construindo
sua análise na perspectiva da história social Marco Aurélio investigou "a
atuação de espíritas na imprensa", através da criação de periódicos e,
também, da combativa militância doutrinária que travaram por meio de colunas
fixas em jornais diários na cidade do Rio de Janeiro, entre 1880 e 1950. Ainda
que a existência de muitos periódicos tenha sido efêmera, alguns duraram
décadas, mantiveram tiragens bem expressivas e construíram redes de
interlocução duradouras, expressando opiniões, projetos e expectativas de um
número considerável de espíritas na cidade.
Um intenso trabalho de
pesquisa foi necessário para localizar e analisar os periódicos produzidos por
adeptos e dirigentes de entidades espíritas, mal preservados e dispersos por
diversas instituições de pesquisa, além de registros memorialísticos,
estatutos, livros de atas e relatórios de centros espíritas e entidades
federativas, dentre outros registros históricos. Em sua pesquisa Marco Aurélio identificou
indivíduos, grupos e instituições espíritas envolvidos com diferentes projetos
editoriais, indagando sobre as motivações para essa militância por meio da
palavra impressa, as estratégias para financiamento e divulgação de periódicos
e, também, as redes de alianças que constituíram e as oposições que
enfrentaram, ao longo desse período. Acompanhando as mudanças nas formas e nas
linguagens da divulgação da doutrina por meios impressos, Marco Aurélio também
lançou luzes sobre a constituição de algumas editoras espíritas e suas
atividades editoriais, enquanto espaços de articulação de autores, opções
estéticas, relações com o mercado e projetos doutrinários e políticos defendidos
por espíritas, a partir da década de 1940.
Analisando a contrapelo
uma memória una e despolitizada sobre a trajetória do espiritismo e a atuação
pública de espíritas, difundida na contemporaneidade por sua entidade mais representativa,
Marco Aurélio revelou as profundas divergências em torno de concepções e
práticas doutrinárias e as intensas disputas pelos espaços de poder no
jornalismo e nas instituições espíritas que marcaram o processo histórico de afirmação
do espiritismo como "a doutrina de Allan Kardec".
Prof. ª Dr. ª Laura Antunes Maciel – Universidade
Federal Fluminense
Como adquirir o livro:
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